Um voltímetro em seu bolso!

16 Novembro 2018
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Electrical Tester

Autor: Keith Wilson, Engenheiro Eletricista

Você tem um voltímetro? Se você trabalha nos setores elétrico ou eletrônico, sua resposta provavelmente será "sim", mas, se você é apenas um membro do público em geral, quase certamente será "não". No entanto, isso nem sempre foi assim. No final da década de 1920 e durante toda a década de 1930, possuir um voltímetro era algo bastante comum nas residências. Mas por quê?

A explicação está diretamente relacionada ao entretenimento doméstico mais popular da época: o rádio, ou, como era chamado então, o aparelho sem fio. Naquele tempo, a televisão ainda estava em fase experimental, então, se você quisesse se divertir em casa à noite, poderia criar o seu próprio programa ou ouvir o rádio. Não é difícil imaginar qual era a escolha preferida. Havia, porém, um problema.

A menos que você estivesse disposto a se contentar com um aparelho de cristal — que, na melhor das hipóteses, oferecia uma recepção silenciosa da estação local por meio de fones de ouvido —, seu rádio precisava de eletricidade para funcionar. E a maioria das pessoas não tinha a conveniência de simplesmente conectá-lo a uma tomada elétrica, já que a maior parte das residências não contava com fornecimento público de eletricidade. A alternativa era usar baterias. No entanto, como o transistor ainda não havia sido inventado, estamos falando de rádios valvulados (tubos), que exigiam baterias grandes e caras.

De fato, os rádios valvulados precisavam de pelo menos duas baterias: uma bateria HT (também chamada de bateria B nos EUA) para fornecer entre 60 V e 120 V, e uma bateria LT (ou bateria A) para fornecer 2, 4 ou 6 V aos filamentos das válvulas. Na prática, geralmente usavam-se baterias secas para a alimentação HT e acumuladores de chumbo-ácido recarregáveis para a alimentação LT. As baterias HT eram muito caras (o tabelamento de preços era legal e quase universal na época), então era fundamental garantir que, se o rádio começasse a funcionar mal, o problema fosse realmente da bateria e não de outro defeito. Além disso, se você quisesse ouvir um programa específico, era essencial saber que a bateria — ou mesmo o acumulador — não o deixaria na mão no meio da transmissão.

A solução? Comprar um voltímetro para monitorar as tensões importantes das baterias. Se você tivesse condições, o instrumento preferido era o AVO Minor, fabricado, naturalmente, por uma das empresas que mais tarde fariam parte da organização Megger. Mas a maioria das pessoas precisava de algo mais simples e acessível, o que levou ao surgimento de uma grande variedade de voltímetros de bolso, como o da foto.

Para testar baterias, a sensibilidade não era um problema, então esses pequenos dispositivos tinham um movimento de ferro móvel, e, pelo menos no modelo ilustrado, os resistores eram enrolados manualmente de maneira bastante rudimentar. Não havia nenhuma tentativa de amortecimento, o que fazia com que o ponteiro oscilasse vigorosamente durante uma leitura! Eles ofereciam duas faixas, permitindo verificar tanto as baterias HT quanto LT.

Precisão? Nem pergunte! Mas isso também não era um grande problema, pois os usuários rapidamente aprendiam a interpretar as leituras: sabiam qual valor indicava que a bateria estava boa e qual indicava que ela estava prestes a acabar, independentemente dos números exatos na escala.

E quanto à segurança? Bem, uma bateria de 120 V podia causar um choque desagradável, mas dificilmente seria fatal. Assim, apesar do isolamento quase inexistente e da caixa metálica, esses pequenos voltímetros não eram particularmente perigosos quando usados corretamente. Esperamos, no entanto, que ninguém, tomado pela alegria de finalmente ter o fornecimento público de eletricidade conectado à sua casa, tenha achado que seria uma boa ideia verificar a tensão da rede de alimentação! Esses pequenos voltímetros desapareceram rapidamente à medida que mais e mais residências passaram a receber eletricidade da rede elétrica. Apesar de seu design barato e de sua construção ainda mais rudimentar, eles cumpriram sua função em seu tempo, atendendo a uma necessidade específica. Muitos proprietários de aparelhos sem fio certamente ficaram felizes em ter um desses dispositivos no bolso!